sábado, 7 de abril de 2012

A intuição, a primeira via de acessibilidade ao conhecimento


No começo havia o instinto animalesco que operava sobre o organismo em sintonia mecânica com a natureza. Por motivos adaptativos, a possibilidade cognitiva que havia nos primeiros humanóides começou a ser preenchida de experiências. Com este “preenchimento” houve o aparecimento da intuição, a primeira via de acessibilidade ao conhecimento e a consciência. Porém este meio de conhecer, por ser espontâneo e ainda manter um vínculo inconsciente ao instinto, era insuficiente para uma analise abstrata da realidade. Podemos comparar a intuição a uma criança de quatro anos, que já recebeu suas primeiras influências cognitivas do mundo externo, porém ainda não é capaz de abstrair, consciente e reflexivamente, os diversos fenômenos da realidade. (alvinan magno, a arte como via necessária no desenvolvimento da existência.)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Psicanálise, a grande invenção de Freud: Uma analise existencial-artística do documentário, a invenção da psicanálise ( artigo, Por Alvinan Magno)

 
O documentário “A invenção da psicanálise”, mostra detalhadamente o percurso histórico-evolutivo do conhecimento psicanalítico, começando com seu fundador, Freud, e passando pelas diversas ramificações conceituais deste conhecimento, que ora foi questionado, (Carl JungeWilhelm Reich)ora foi aceito e/ou modificado (Jacques Lacan, Melanie Klein) A psicanálise é considerada uma filosofia-ciência, que assim como o socialismo de Karl Marx, revolucionou os modos de pensar o homem no Século XX, dando ao conceito de “inconsciente” uma significação Psicológica nunca antes descrita. Significação que unificou a semântica filosófica do conceito a teoria da sexualidade.
O documentário é inteiramente narrado por Peter Gay, biografo de Freud, e Elisabeth Roudinesco, conceituada psicanalista francesa. Contém vídeos raros do próprio Freud, inclusive as últimas imagens de Freud em seu apartamento em Viena. Além de uma entrevista com Carl Jung, descrevendo o primeiro encontro com Freud, e o relato Ernest Jones.
A entrevista com Jung ajuda a remontar um pouco da difícil personalidade de Freud. Jung definiu Freud como: “um homem difícil que não aceita a opinião alheia, sendo a ultima palavra a dele”. Freud era ambicioso e audacioso, e no terreno intelectual, utilizava-se de todos os recursos para defender e atacar aqueles que se metiam com a sua teoria. Fazia menção a personagens históricos como Napoleão para servirem de modelo para estimular a sua ambição. Freud se faz um general, um líder, tal como Sun Tzu descreve em “A Arte da guerra”, ou como "o principe" de Máquiavel, livros muito apreciados por Napoleão. O próprio Jung se viu obrigado a separar-se de Freud, seu mestre, devido à inflexibilidade autocrática da teoria Psicanalistica.
O Título do documentário faz menção de uma “Invenção” no sentido criativo. Freud se utilizou combinativamente de todos os recursos existentes, tanto os científicos como os filosóficos, se aproveitando do espírito da época que estava direcionado para a formação da psicologia enquanto ciência, para inventar criativamente uma metapsicologia filosófica que pudesse ser compreendida e explicada graças as também criativas, técnicas (associação livre, analise interpretativa dos sonhos, análise dos atos falhos, interpretação do comportamento relacionado a causa primária) que associavam o conteúdo teórico ao prático. A Criatividade de Freud, não se vinculou somente aos diálogos combinativos entre ciência, filosofia e arte, das quais conceitos como complexo de Édipo e narcisismo tiveram seu valor psicológico, ele foi ainda além: utilizou a sua criação, a psicanálise, para mergulhar dentro de si, e nas profundezas de sua personalidade, pôde compreender que a sua obra de arte não era uma simples invenção, mas uma poderosa e audaciosa teoria que reduziria toda a humanidade a sua subjetividade, ou seja, ao seu sistema psicológico. 
No decorrer do século XX, Freud se tornou um ídolo Cientifico-intelectual, um verdadeiro pop-star do mundo acadêmico. A sua grande invenção, apesar das várias divisões e ramificações, continua sendo apreciada por diversos seguidores que vêem na psicologia do inconsciente, uma maneira de justificar os diversos processos mentais. Embora alguns conceitos da psicanálise tenham sido vulgarizados no decorrer do século XX, principalmente pela globalização comercial e hollywoodianismo norte-americano, a teoria psicanalítica continua autêntica, nunca separada do seu ícone idolátrico: Sigmund Freud, o seu grande inventor, o seu grande criador.  

Referencia bibliográfica:
 
A invenção da psicanálise, documentário. 

Tzu, Sun. A arte da guerra, editora escala.

Maquiavel. O principe, narrado por Napoleão, editora Martin Claret.             


domingo, 1 de abril de 2012

Inspiração

            Lá estava o homem sozinho diante de si mesmo. Disposto a pescar no mar da existência, mergulhava no infinito oceano da subjetividade. Com a sua lança transcendental, flertava os mais elevados sentimentos. Era como um arisco falcão voando acima de tudo e de todos. Com asas duras e resistentes feitas de diamante, nem mesmo o grandioso Apolo poderia derretê-las, como fizera com Ìcaro.  Tão sublime era a sua elevação que superava todas as criações celestiais,  percebidas por ele naquele momento. Era tão grandioso tal momento, que a palavra “amor”, utilizada para significar o que é bom e necessário, não poderia mais significá-lo. Haveria de criar outra palavra. Ele sentia que deveria questionar a Afrodite tal situação. Então para isso, deveria tornar o momento real. Deveria usar os recursos materiais da realidade objetal para dar um sentido criativo para sua inspiração, que na verdade era a manifestação da sua própria individualidade. Então ele o  fez: organizou imaginativamente os diversos conteúdos da sua inspiração, e deu vida para estes em uma grandiosa obra de arte. Assim como um Deus, ele havia se tornado um criador. Havia feito de sua inspiração um grandioso monumento, na qual contemplara em matéria a sublime beleza de sua consciência criativa. (martelos da afirmação, aforismo, Alvinan Magno)


Da história a imaginação

            “Não há fatos nem verdades absolutas.” A máxima de Nietzsche dá uma martelada em cima da concepção objetiva histórica. Não é para menos que a historia é considerada uma disciplina de elevado âmbito criativo, já que os recursos que ela tem para verificação do passado são insuficientes para uma analise totalmente objetiva. Os fatos aos quais são contados nos livros de historia são uma enciclopédia de tendências subjetivas que exaltam a dedução e assim o uso da imaginação. A verdade do processo histórico torna-se a “coisa em si”, deliberadamente inconcebível. O que existe da verdade no processo histórico são os seus fragmentos, reciclados artisticamente pela imaginação. Cada contradição, cada evento sem resposta é completado por uma nova historia criada e trabalhada cuidadosamente, dando vida ao passado que até então era misterioso. ( Alvinan Magno)