domingo, 30 de dezembro de 2012

A história da arte que futuramente iremos contar (por Alvinan Magno)


A arte é a grande tradutora do espírito de uma época, no que se refere a cultura de um povo; Representa o principal meio de compreensão da história da humanidade! Imaginemos agora nossa sociedade 50 anos mais tarde! O que poderemos dizer para nossos netos sobre nossa arte, sobre nossos artistas?  

Daqui a 50 anos, podemos contar para os nossos netos das proezas musicais de Michel jiló ou das expressivas compreensões estéticas de Otavo Rima, artistas cuja poesia se pode equiparar a Shakespeare e a Goethe; Sendo suas melodias similares a autores clássicos; tais como Mozart, Beethoven, Handel, Wagner etc... A estética musical não se restringiria somente a esses dois, já imortalizados, compositores da musica universal brasileira. Nossos netos também devem compreender o verdadeiro significado musical do nosso espírito de época. Podemos contar-lhes dos bailes Phunkes, festa eruditas cujo principal objetivo consistia em dançar alegres valsas ao som de belos orquestrais clássicos. Nestes bailes predominava o bom gosto artístico e o refinamento moral. Havia casos de pessoas que se conheciam nestes bailes e posteriormente chegavam a se casar.

Nossos netos adorarão ouvir histórias sobre o Start, banda de Rock de altíssimo nível, cuja inovação musical trouxe uma dinâmica para a música contemporânea. Os Starts eram contra qualquer tipo de estereótipo; para eles a música deveria atingir essencialmente os ouvidos, promovendo assim sublimes sensações sonoras. Além de conceber a música como fenômeno puramente estético, eles acreditavam no poder desta como elemento de transformação social, sendo este um de seus principais objetivos.            

Podemos falar-lhes também das habilidades performáticas e demasiadamente inteligente de artistas como a Buxa Pimentel, que de muito contribuiu para as belas artes humanas, sobretudo para as artes infantis. O filme em que ela atuou como atriz principal “amor sagrado amor” foi um clássico do cinema nacional, indicado para toda a família. No filme Buxa representa uma bela donzela que, apesar de ser pobre, se apaixona por um aristocrata rico; O filme comove por sua sensibilidade, pela riqueza de detalhes e pela graça com que a personagem de Buxa sublima a sexualidade ao Status de sagrado; Daí vem o nome “Amor Sagrado amor”. Buxa era amiga de Aluviana Mitenes. Artista de grande prestígio, Mitenes foi a primeira modelo brasileira a se doutorar em Harvard, provando que estar na moda não é sinônimo de ignorância, superficialidade e mediocridade. Mitenes era uma profunda apreciadora das demais artes. Em um desses concertos eruditos, ela conheceu o músico Mico jegue, com quem teve um profundo envolvimento amoroso. Depois de alguns anos juntos, já não sentindo queimar mais a chama da paixão, ela sentiu saudades do Brasil e retornou. Aqui, não teve dificuldade em arrumar pretendentes, sendo bonita e extremamente inteligente, logo se enamorou de um grande empresário de uma importante rede Televisiva. Eles se casaram e aluviana conseguiu realizar seu sonho: apresentar um programa de altíssimo nível intelectual, conhecido como Hiper top! Aluviana buscou trazer os mais inteligentes cérebros da cultura mundial. Reunindo-os numa mesa redonda, estilo café filosófico, ela conseguia promover um diálogo extremamente culto, retratando temas como arte, filosofia, ciência, religião, política, etc...

 Podemos também contar-lhes sobre os dons retóricos do apresentador “antena”, um dos poucos jornalistas brasileiros que conseguiram desenvolver um jornalismo imparcial não sensacionalista, um verdadeiro artista.  Antena recebeu esse nome porque na data de seu nascimento, seu pai assistia ao jogo do Brasil na final da copa de 1950 e, devido as condições precárias do sinal televiso, teve que subir no telhado para arruma-la. Não obtendo êxito em seu propósito, ele fizera uma prece para São Jerônimo dos pigmeus, dizendo que se o santo restituísse o sinal, chamaria seu filho de antena. Bem, e assim foi feito: o sinal foi restabelecido, e o recém nascido recebeu um nome. Falando do jornalismo enquanto arte, não podemos esquecermo-nos de falar de Borges Kanguru. Este jornalista, respeitado em todo país (inclusive em Goiás), também de muito contribuiu para o jornalismo nacional. Kanguru era contra qualquer tipo de fanatismo sensacionalista; costumava dizer que tempestades jamais deveriam ser feitas em copos d’água. Kanguru é um nome artístico! Borges recebeu este apelido, pois vivia pulando de emissora em emissora; não porque fosse despedido por causar polêmicas desnecessárias, e sim porque era muito competente e todas as emissoras queriam fechar contrato como ele. Dai Borges Kanguru vivia pulando a procura de uma melhor oferta.   

Não podemos deixar de falar de nossos humoristas como “Varinha vastos”, que em busca de um humor inteligente, sempre foi contra piadas imorais e ponográficas; em toda sua carreira, ele não obteve um única multa de trânsito, tampouco esteve envolvido em processos judiciais. Outro exemplo de humorista digno de ser lembrado é Murilo chantilly. Este Artista era portador de uma eximia criatividade humorística; assim como Varinha Vasto não recorria a baixarias; O fato de seu humor possuir uma cultura extremamente fundamentada nasce do fato dele ser um profundo apreciador da literatura mundial. Outro comediante que conseguiu destaque, não somente por seu humor, mas pela sua persistência e superação, foi o ilustre Siriríca; Este celebre artista foi o primeiro comediante analfabeto a ganhar uma eleição, sem ter que propor um sequer projeto sério, contando apenas com as suas hilárias palhaçadas. Siriríca é mais um exemplo de brasileiros que provaram que mesmo não tendo a aptidão necessária para execução de um cargo e contando apenas com seu bom humor, conseguiram vencer na vida.

Nossos netos ficarão muito impressionados aos ouvirem histórias sobre nossos artistas religiosos. Estes talvez fossem os artistas que mais contribuíram para a conscientização da sociedade brasileira. Dentre eles, podemos falar-lhes de pastores como Waldir mancebo. Mancebo, um homem honesto, justo e temente a deus, foi um dos principais pastores que lutaram para a divisão social do dízimo.  Era partidário da ideia de que o dízimo deveria ser aplicado em obras sociais, não sendo apenas destinado a acumulação integral de pastores e igrejas. Ele chegou a mendigar pelas ruas como protesto a esses pastores mal intencionados que usavam a ideologia religiosa para alienar o povo brasileiro, enriquecendo a sua custa. Mancebo possuía uma rede de pastores fiéis a sua causa, tais como: Filas mala e falha, Delmarco Infeliciano e Casimiro del Tiago. Mala e falha e infeliciano foram os primeiros pastores a lutar pela causa homoafetiva, contribuindo para a legalização do casamento gay. Durante os vários manifestos sociais, eles, que sempre estavam juntos, descobriram que estavam loucamente apaixonados; E em outubro daquele mesmo ano, eles realizaram o primeiro casamento gay, legalizado pela constituição brasileira, sendo mala e falha, a noiva e Infeliciano, o noivo. Infeliciano se tornou ministro dos direitos humanos, fazendo de sua existência um reflexo da luta contra a homofobia, o machismo militarizado, os resquícios nazo-facistas e a alienação religiosa.

Seria uma insensatez histórica se não estendermos este assunto a nossos demais "artístas políticos". Tal como foi a figura de “Bazé Lirceu”, um político muito honesto, solidário e gentil.  Lirceu sempre lutou contra a corrupção, sendo um dos principais autores da lei “picha e limpa”, ao lado de outros gênios da política brasileira, tais como “Mané Babuíno” e “Moroni Serrilho”. Em meados de 2007, Lirceu foi acusado injustamente de chefiar um esquema ilegal que ficou conhecido como mesadão. Segundo o apresentador Antena, o mesadão surgiu de uma insatisfação dos políticos brasileiros com os seus salários, que na época era um dos mais baixos do país. Revoltados, eles organizaram um meio de equilibra-los. O mesadão seria uma forma de restituir mensalmente, mesmo que por debaixo dos panos, as injustiças que a constituição brasileira cometera em relação a seus políticos. Depois de mais de dez anos de Investigações e processos, o veredito foi dado. No final, Lirceu conseguiu provar sua inocência, processando o estado por aquela calúnia absurda. Do processo, ele recebeu uma indenização milionária; pela qual, adquiriu uma bela casa na praia; nela ele passou os seus últimos anos, com a consciência tranquila, depois de anos de trabalho em pró da nação.

Essas são só algumas das muitas belas estórias que podemos contar a nossos netos a respeito de nossa frutífera época.

Referencia bibliográfica:

Rede bobo de televisão

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O átomo social, uma compreensão humanista do fenômeno (por Alvinan Magno


Átomo social é um termo desenvolvido por Jacob Levi Moreno, o pai do psicodrama, para configurar o significado das relações sociais interpessoais que remontam a individualidade do sujeito, e que estão presente em sua existência desde o nascimento.
Na física, o átomo é descrito como a menor unidade da matéria, sendo uma singularidade, que quando reunidos entre si formam as composições elementares, do qual o mundo, conhecido pelo homem, é formado. Moreno, tal como na física, trata o individuo como um átomo, pois enxerga o mundo social como a grande totalidade, que é composta por vários organismos que se relacionam entre si formando uma rede sociométrica. Moreno também é considerado o pai do sociodrama, abordagem dramática que estuda a dinâmica das relações sociais, buscando através da dramatização e outras técnicas a estruturação tellica (verdadeira) das mesmas.
A necessidade de estudar o homem em sua totalidade social é uma das grandes tarefas da psicologia social, área da psicologia que ganha cada vez mais espaço dentre as outras. O sociodrama de Moreno, assim como o humanismo de Rogers, tem enriquecido o conhecimento da psicologia social, colocando o homem como um “átomo social”, ou seja, um integrante do grande macrocosmo social, cuja participação ativa é de sumária importância no desenvolvimento humano da sociedade.
      
O homem é um animal social, já dizia Aristóteles. E esse animal é uma singularidade dentro da grande coletividade chamada “sociedade”, porém é também um ser único, protagonista de sua própria existência, responsável pela manutenção e pelo desenvolvimento da humanidade.
    
O homem é um ser que se torna cada vez mais consciente do seu lugar na história e na sociedade. Porém, ao longo de sua existência, esse ser se encontra fragmentado, desestruturado, inconsciente de suas potencialidades enquanto ser subjetivo e integrante atômico de uma sociedade. E é diante desta fragmentação, diante desta desestruturação, que surge a necessidade de se compreender este “átomo social” em sua totalidade, ora nas questões referente a sua subjetividade e autenticidade, ora nas questões referentes a sua objetividade social no qual está inserido. Pois o desenvolvimento da humanidade depende desta compreensão, e esta só pode ocorrer durante a relação empática, cuja integridade está no mutualismo dinâmico. Seguindo esta afirmação e inconformado com a psicologia clínica de sua época, que tratava o individuo isolando-o de seu meio social, moreno funda  a sua abordagem psico-sociodramatica que tenta fazer um diálogo entre as técnicas cênicas de representação teatral e a psicologia de catarse, objetivando sempre que o átomo social possa compreender a si mesmo e os outros através das relações tellicas, que envolvem um profundo contato empático, e com isso resolver seus conflitos, tendo como cenário um modelo que sempre irá remeter a sua vida cotidiana.

O conceito de átomo social na compreensão moreniana sai da teoria e vai diretamente para a prática, tornando-se o próprio termo uma técnica com uma característica própria, dentre as tantas desenvolvidas por moreno na estruturação da sua doutrina psicossociológica.                          

Referências Bibliográficas

MORENO, J. L.Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1975.

sábado, 5 de maio de 2012

O desencantamento total do mundo (por Alvinan Magno)


Em seu longo percurso histórico, o homem, uma vez acreditou estar evoluindo, caminhando rumo a um futuro cada vez mais progressivo, livre dos preconceitos e das supersticiosas construções ideológicas. Em sua constante busca pela verdade, a humanidade acreditou estar se desvinculando dos antigos tabus, que conservavam culturalmente os erros do passado, mesmo com a constante mudança de paradigma. Mas será que este homem, esta humanidade, não cometeu um de seus maiores equívocos ao acreditar em semelhante discurso? Para responder esta pergunta, entendamos o conceito de “desencantamento do mundo”, proposto pelo sociólogo alemão Max weber.
          Desencantamento do mundo é um termo usado por weber para configurar historicamente o espirito da modernidade, que, em dado momento, rompeu com antigas representações “encantadas”.  O homem da modernidade é visto pelo sociólogo como um ser desencantado, que aboliu as concepções e explicações mágicas que, em tempos anteriores, enfeitiçaram o  pensamento humano, influenciando no progresso científico, no desenvolvimento ético e na criatividade artística. Para weber, o conhecimento, particularmente valorativo, seria divido em três esferas: a esfera da ciência e da técnica, a esfera da arte e a esfera da moral. Estas esferas, que anteriormente estavam unificadas sobre a influência da religião, começam a perder sua força diante do poderoso ceticismo da época, e assim se dividem em áreas especificas, desvinculando-se das concepções sobrenaturais. O mundo, então, deixa de ser encantado e torna-se real, desencantado. A realidade agora já não pode ser compreendida e explicada por representações fantasiosas, pois o que está além do homem, não significa que não possa ser alcançado, simplesmente significa que ainda não foi descoberto. Assim se construiu o pensamento do homem moderno.

 Max weber confere um papel importante para religião protestante na estruturação histórica do sistema capitalista. Pois é justamente por esse desencantamento do mundo, por esse afastamento dos valores cristãos-católicos que dogmatizavam a alma isolando-a do corpo, promovido pela reforma protestante, que surge uma maior aproximação do homem com a matéria. Essa aproximação foi possível, pois houve uma suavização da temeridade sociocultural diante do castigo eterno. A ética protestante torna-se desencantada, e se fundi ao racionalismo capital.  O sentimento de culpa, antes dado pela inquisição, já não podia afetar o homem moderno, pois houve uma reconfiguração em seus valores, ou na termologia de Nietzsche, uma “transvalorização dos valores”. Assim o período compreendido como idade moderna, marca uma das grandes transformações na história da humanidade, possível graças a ética protestante.
Mas será que, realmente, estas justificativas histórico-sociológicas que weber atribuiu ao protestantismo não são uma maneira de camuflar a verdade, e até mesmo propor um merecimento histórico evolutivo ao mesmo? Bem, weber é considerado o fundador da filosofia social, embora tenha uma enorme contribuição para formação da sociologia ao lado de: Karl Marx, August Comte, Emile Durkheim... A filosofia social busca descrever os fatos a procura de certa compreensão. Como Weber, diferente de Marx, tinha uma postura política direitista, possivelmente esta o influenciou em sua analise dos fatos. Sendo assim, weber elitiza, e sua analise da sociedade e da história fica sobre o enfoque ético da burguesia. Porém não entremos neste assunto. E antes de respondermos a primeira pergunta, conheçamos outra visão a respeito da reforma protestante, e sua relação com esse tal “desencantamento do mundo”.               
  Friedrich Nietzsche, ao contrário de weber, atribui ao protestantismo um possível malogro histórico. Para o filosofo, Lutero, seguindo objetivos pessoais, salvou o cristianismo de seu possível declínio. A igreja católica dos tempos de pré-reforma já se encontrava fragmentada, mergulhada em seus próprios problemas sociais. “Morta”, como dizia Nietzsche. E foi Lutero, quem a salvou de seu fim eminente, ressuscitando-a, e modificando somente o nome.  Num período onde o iluminismo já começava a influenciar o corpus filosófico e o renascimento o corpus artístico, Lutero chega com uma nova proposta: uma nova igreja cristã, moldada a sua própria imagem e semelhança, cujo protesto era somente uma forma salvar o cristianismo, mesmo com algumas ressalvas.
Relacionando a compreensão de Nietzsche com o desencantamento do mundo weberiano, podemos supor que a reforma de Lutero apenas acentuou o encantamento, já que o cristianismo e seus valores mágicos subsistem até os dias de hoje.
Conhecendo o conceito de “desencantamento do mundo” e suas relações, podemos agora, tentar responder a questão do primeiro paragrafo:
 A crença no progresso, na positividade histórica, apenas conserva o encanto utópico, tais como as diversas crenças culturais que carecem de questionamento. Realmente, houve e ainda há desencantamentos na história da humanidade. Podemos antecipar conceitualmente a frase de Marx, “a luta entre classes é o motor da história”, dizendo: “o desencantamento do mundo promove as lutas entre classes”. Destes desencantamentos históricos é que são oriundas as revoluções culturais.   A busca do homem pela verdade, sempre o leva ao desencantamento, pois este sempre se deixou seduzir pelo encantamento, pela magia. Porém não podemos dizer que estes desencantamentos sejam progressivos, afirmar isso seria remontar o utópico pensamento de Hegel. Sim, o homem cometeu um equivoco ao acreditar nesse discurso positivista de que a humanidade sempre caminha em direção ao progresso. A própria ideia de evolução, tão distorcidas por nossos Darwinistas sociais, já não pode representar senão uma “adaptação” ao contexto.  Como pode a humanidade caminhar em direção ao progresso, se ainda, em seu âmago, ela carrega o fardo de infantis representações, de encantos históricos eternizados pela cultura?
 Atualmente, nos homens e em nossa sociedade, encontramos vestígios deste “encanto”, ora nos arcaicos sistemas religiosos, ora nas várias superstições cotidianas transmitidas pela cultura. A crença no anímico, no mágico, no sobrenatural continua encantando a vida de bilhões de pessoa. É que Sigmund Freud chamou de principio de prazer. Porém este prazer é somente uma ilusória representação, pois não tem sua comprovação na realidade. E o que é pior: as referidas esferas de weber (ciência, arte e ética), ainda hoje tem dificuldade em se diferenciar da tradição religiosa.  
Com a globalização, temos a impressão de estarmos evoluindo em todas as áreas da existência. Temos a impressão de estarmos vivendo juntos e unidos numa grandiosa aldeia global. Mas isso é somente uma impressão vaga e ilusoriamente alienatória. Vemos nos chamados “sites de relacionamento” a virtualização encantada das relações sociais, que pela proximidade virtual afasta o individuo das relações afetivas pessoais. Se o contato de segundo grau, descrito pela sociologia, são impessoais, ao menos ocorrem na presença de pessoas reais.  É possível perceber nos diversos meios de comunicação, as mais bizarras e chulas representações, que exaltam os impulsos mais regredidos do homem. A globalização alimenta a disseminação de estereótipos, que contaminam e desestruturam nossos jovens, lhes prometendo uma identidade passageira e superficial, lhes roubando a autenticidade.  Hoje é possível ver na chamada “cultura pop”, no desabrochar de uma arte totalmente desprovida de conteúdo e inteligibilidade, um mundo cada vez mais encantado, um mundo que se esqueceu de seus problemas mais emergentes, tais como a pobreza e a miséria. É possível ver na “tendência single”, a fragmentação de uma sociedade que se encanta cada vez mais pelo capitalismo globalizante. Nunca o fenômeno da “idolatria” foi tão difundido, quanto nos dias de hoje. As marcas e slogam se tornaram arquétipos, cada qual com seu significado comercial, que encanta o sujeito e alimenta as desigualdades sociais. O capitalismo se torna a grande religião, e a oferta e procura sua bíblia. Os ídolos se tornam seus pastores e padres e a comercialidade, o único propósito. Estes se mantêm existentes, pois não há uma postura critica por parte da sociedade, logo não há desencantamento, há somente o encanto desesperado que se justifica de forma explicitamente superficial, na lei do mais rico, do mais famoso.
  É preciso experimentar o “desencantamento total do mundo” para se conhecer integralmente a realidade, do contrario fadas e doentes se farão sempre presentes, e o que é pior: este encanto se justificará enquanto verdade, confundindo-se com seu principio artístico. É preciso conhecer o homem contemporâneo que vive este duplo equívoco, de um lado as superstições geradas pelo conservadorismo histórico e de outro, as superstições geradas pela emergente comercialidade do ser.
                O “desencantamento total do mundo” não pretende ser somente uma utopia, porém possivelmente não será alcançado pela massa cultural. Mas pode ser alcançado por aqueles que querem se tornar cada vez mais conscientes de si mesmos, e do mundo no qual circundam. Na verdade, ele é um exercício obtido pela critica e pelo compromisso ético com a verdade. Somente aqueles que estão dispostos a sofrer para descobrir a realidade, podem realmente compreender o significado de "desencantamento total do mundo", que é sinônimo de consciência, sinônimo de liberdade, responsabilidade e realidade, sinônimo da constante busca do homem por significados autênticos.  
Referencias bibliográficas

Weber, Max. A ética protestante e o espirito do capitalismo, editora Martin Claret.

Nietzsche, Friedrich. O crepúsculo dos ídolos, editora escala.

Marx, Karl. O manifesto comunista, editora Martim Claret.

sábado, 7 de abril de 2012

A intuição, a primeira via de acessibilidade ao conhecimento


No começo havia o instinto animalesco que operava sobre o organismo em sintonia mecânica com a natureza. Por motivos adaptativos, a possibilidade cognitiva que havia nos primeiros humanóides começou a ser preenchida de experiências. Com este “preenchimento” houve o aparecimento da intuição, a primeira via de acessibilidade ao conhecimento e a consciência. Porém este meio de conhecer, por ser espontâneo e ainda manter um vínculo inconsciente ao instinto, era insuficiente para uma analise abstrata da realidade. Podemos comparar a intuição a uma criança de quatro anos, que já recebeu suas primeiras influências cognitivas do mundo externo, porém ainda não é capaz de abstrair, consciente e reflexivamente, os diversos fenômenos da realidade. (alvinan magno, a arte como via necessária no desenvolvimento da existência.)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Psicanálise, a grande invenção de Freud: Uma analise existencial-artística do documentário, a invenção da psicanálise ( artigo, Por Alvinan Magno)

 
O documentário “A invenção da psicanálise”, mostra detalhadamente o percurso histórico-evolutivo do conhecimento psicanalítico, começando com seu fundador, Freud, e passando pelas diversas ramificações conceituais deste conhecimento, que ora foi questionado, (Carl JungeWilhelm Reich)ora foi aceito e/ou modificado (Jacques Lacan, Melanie Klein) A psicanálise é considerada uma filosofia-ciência, que assim como o socialismo de Karl Marx, revolucionou os modos de pensar o homem no Século XX, dando ao conceito de “inconsciente” uma significação Psicológica nunca antes descrita. Significação que unificou a semântica filosófica do conceito a teoria da sexualidade.
O documentário é inteiramente narrado por Peter Gay, biografo de Freud, e Elisabeth Roudinesco, conceituada psicanalista francesa. Contém vídeos raros do próprio Freud, inclusive as últimas imagens de Freud em seu apartamento em Viena. Além de uma entrevista com Carl Jung, descrevendo o primeiro encontro com Freud, e o relato Ernest Jones.
A entrevista com Jung ajuda a remontar um pouco da difícil personalidade de Freud. Jung definiu Freud como: “um homem difícil que não aceita a opinião alheia, sendo a ultima palavra a dele”. Freud era ambicioso e audacioso, e no terreno intelectual, utilizava-se de todos os recursos para defender e atacar aqueles que se metiam com a sua teoria. Fazia menção a personagens históricos como Napoleão para servirem de modelo para estimular a sua ambição. Freud se faz um general, um líder, tal como Sun Tzu descreve em “A Arte da guerra”, ou como "o principe" de Máquiavel, livros muito apreciados por Napoleão. O próprio Jung se viu obrigado a separar-se de Freud, seu mestre, devido à inflexibilidade autocrática da teoria Psicanalistica.
O Título do documentário faz menção de uma “Invenção” no sentido criativo. Freud se utilizou combinativamente de todos os recursos existentes, tanto os científicos como os filosóficos, se aproveitando do espírito da época que estava direcionado para a formação da psicologia enquanto ciência, para inventar criativamente uma metapsicologia filosófica que pudesse ser compreendida e explicada graças as também criativas, técnicas (associação livre, analise interpretativa dos sonhos, análise dos atos falhos, interpretação do comportamento relacionado a causa primária) que associavam o conteúdo teórico ao prático. A Criatividade de Freud, não se vinculou somente aos diálogos combinativos entre ciência, filosofia e arte, das quais conceitos como complexo de Édipo e narcisismo tiveram seu valor psicológico, ele foi ainda além: utilizou a sua criação, a psicanálise, para mergulhar dentro de si, e nas profundezas de sua personalidade, pôde compreender que a sua obra de arte não era uma simples invenção, mas uma poderosa e audaciosa teoria que reduziria toda a humanidade a sua subjetividade, ou seja, ao seu sistema psicológico. 
No decorrer do século XX, Freud se tornou um ídolo Cientifico-intelectual, um verdadeiro pop-star do mundo acadêmico. A sua grande invenção, apesar das várias divisões e ramificações, continua sendo apreciada por diversos seguidores que vêem na psicologia do inconsciente, uma maneira de justificar os diversos processos mentais. Embora alguns conceitos da psicanálise tenham sido vulgarizados no decorrer do século XX, principalmente pela globalização comercial e hollywoodianismo norte-americano, a teoria psicanalítica continua autêntica, nunca separada do seu ícone idolátrico: Sigmund Freud, o seu grande inventor, o seu grande criador.  

Referencia bibliográfica:
 
A invenção da psicanálise, documentário. 

Tzu, Sun. A arte da guerra, editora escala.

Maquiavel. O principe, narrado por Napoleão, editora Martin Claret.             


domingo, 1 de abril de 2012

Inspiração

            Lá estava o homem sozinho diante de si mesmo. Disposto a pescar no mar da existência, mergulhava no infinito oceano da subjetividade. Com a sua lança transcendental, flertava os mais elevados sentimentos. Era como um arisco falcão voando acima de tudo e de todos. Com asas duras e resistentes feitas de diamante, nem mesmo o grandioso Apolo poderia derretê-las, como fizera com Ìcaro.  Tão sublime era a sua elevação que superava todas as criações celestiais,  percebidas por ele naquele momento. Era tão grandioso tal momento, que a palavra “amor”, utilizada para significar o que é bom e necessário, não poderia mais significá-lo. Haveria de criar outra palavra. Ele sentia que deveria questionar a Afrodite tal situação. Então para isso, deveria tornar o momento real. Deveria usar os recursos materiais da realidade objetal para dar um sentido criativo para sua inspiração, que na verdade era a manifestação da sua própria individualidade. Então ele o  fez: organizou imaginativamente os diversos conteúdos da sua inspiração, e deu vida para estes em uma grandiosa obra de arte. Assim como um Deus, ele havia se tornado um criador. Havia feito de sua inspiração um grandioso monumento, na qual contemplara em matéria a sublime beleza de sua consciência criativa. (martelos da afirmação, aforismo, Alvinan Magno)


Da história a imaginação

            “Não há fatos nem verdades absolutas.” A máxima de Nietzsche dá uma martelada em cima da concepção objetiva histórica. Não é para menos que a historia é considerada uma disciplina de elevado âmbito criativo, já que os recursos que ela tem para verificação do passado são insuficientes para uma analise totalmente objetiva. Os fatos aos quais são contados nos livros de historia são uma enciclopédia de tendências subjetivas que exaltam a dedução e assim o uso da imaginação. A verdade do processo histórico torna-se a “coisa em si”, deliberadamente inconcebível. O que existe da verdade no processo histórico são os seus fragmentos, reciclados artisticamente pela imaginação. Cada contradição, cada evento sem resposta é completado por uma nova historia criada e trabalhada cuidadosamente, dando vida ao passado que até então era misterioso. ( Alvinan Magno)