O
pedagogo brasileiro Paulo Freire, mesmo que não nomeado, é possivelmente um dos
maiores representantes da psicologia e da pedagogia sócio-histórica no Brasil.
Sua teoria, apresentada em seu livro pedagogia do oprimido, propõe uma análise
das contradições sociais como pré-requisito necessário da educação. Seu
objetivo metodológico consiste em trazer a reflexão concientizadora para a
prática pedagógica. Freire (2013), seguindo suas raízes marxistas, propõe uma
educação revolucionária e libertadora, oriunda da dialogicidade coletiva.
Partindo da concepção do
materialismo histórico-dialético, da abordagem sócio-histórica de Vygotsky e da
filosofia do diálogo de Martin buber, Freire (2013, p. 67 a 78) denuncia a
situação concreta de opressão, presente no sistema educacional moderno. Ele
aponta a “contradição opressor-oprimido” que persiste em tal sistema,
produzindo e mantendo relações de dominação, conquista e manipulação entre
aqueles que oprimem (classe dominante) e os que são oprimidos (classe dominada).
Esta contradição, nunca resolvida ou superada, é camuflada pela educação,
imposta aos oprimidos, que tem seus pressupostos na concepção bancária. Tal
maneira de “educar-ensinar” se fundamenta na antidialogicidade, e tem o
objetivo de depositar o conteúdo pré-estabelecido nas cabeças dos alunos,
controlando seus modos de ser e agir, fragmentando-os de si mesmo e de seus
semelhantes, alienando-os em ideologias dominantes, que camuflam a realidade social. Sobre a concepção bancária, escreveu Freire:
Sugere
uma dicotomia inexistente homens-mundo. Homens simplesmente no mundo e não com
o mundo e com os outros. Homens espectadores e não recriadores do mundo.
Concebe a consciência como algo especializado neles e não aos homens como
“corpos conscientes”. A consciência como se fosse alguma seção dentro dos
homens, mecanicistamente compartimentada, passivamente aberta ao mundo que irá
enchendo de realidade (Freire, 2013, p. 87).
A concepção bancária da educação tem
como principal objetivo a adaptação e o adestramento do aluno. É centrada na
lógica do conteúdo, tendo o professor como protagonista, e o aluno como um mero
espectador. Não é e nem poderia ser dialógica, pois sua condição de existência
necessita que se negue o diálogo, a dialogicidade, pois esta poderia desvelar
as contradições que haveria entre opressores e oprimidos, movimentando os alunos
rumo a sua libertação. Como um instrumento ideológico, a concepção bancária se
faz antidialógica, não permitindo aos homens que se humanizem na práxis de uma
autêntica comunicação, e em contrapartida justifica a exploração, proliferando
as desigualdades sociais.
Como antítese dessa concepção, Freire (2007, p. 107 a 138) anuncia a concepção problematizadora da educação, que se fundamenta na dialogicidade da práxis coletiva, tendo como objetivo a libertação consciente dos oprimidos. Para o autor, o mundo cognoscível deveria ser apresentado aos alunos como problema, para que estes desafiados pelo mesmo, através da comunicação dialógica, pudessem resolvê-lo na investigação de seus temas geradores. Estes problemas, sempre relacionados à realidade histórico-social dos homens, conscientizados pelos alunos por intermédio do professor, tornam-se a essência do conteúdo programático. Sobre essa educação e seu conteúdo programático, escreveu Freire:
Como antítese dessa concepção, Freire (2007, p. 107 a 138) anuncia a concepção problematizadora da educação, que se fundamenta na dialogicidade da práxis coletiva, tendo como objetivo a libertação consciente dos oprimidos. Para o autor, o mundo cognoscível deveria ser apresentado aos alunos como problema, para que estes desafiados pelo mesmo, através da comunicação dialógica, pudessem resolvê-lo na investigação de seus temas geradores. Estes problemas, sempre relacionados à realidade histórico-social dos homens, conscientizados pelos alunos por intermédio do professor, tornam-se a essência do conteúdo programático. Sobre essa educação e seu conteúdo programático, escreveu Freire:
A
educação autêntica, repitamos, não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A
com B, mediatizados pelo mundo. Mundo
que impressiona e desafia a uns e outros, originando visões ou ponto de vista
sobre ele. Visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças ou
desesperanças que implicitam temas significativos, a base dos quais se
constituirá o conteúdo programático da educação (FREIRE, 2007, P.116).
A teoria da ação dialógica de Paulo
freire propõe uma nova teoria ética, crítica e política para educação,
fundamentada na conscientização dialógica, como requisito básico para a
libertação do oprimido e sua transformação social. Tendo como antítese a
educação bancária antidialógica, cujas características são a conquistas, a
focalização, a manipulação e invasão cultural, Freire (2007) propõe uma nova forma
de praticar educação baseada na co-laboração, na união, na organização e na
síntese cultural. Ele trás a para a prática pedagógica a perspectiva
epistemológica critica da psicologia sócio-histórica, que analisa o homem e o
mundo a partir das contradições históricas e sociais, tendo a dialética como
método. A teoria da ação dialógica é o resultado de uma análise histórica e
social da situação concreta da educação no Brasil. Propõe um novo modelo de
educação, onde a participação do aluno seja integral, como autor e criador do
seu próprio conhecimento. Onde o aluno se reconheça como pertencente a uma
classe social, e partir dessa possa, com seus semelhantes e somente com eles,
se libertar da situação concreta da opressão, emergindo revoluções culturais.
Referência bibliográfica
FREIRE, Paulo.
Pedagogia do oprimido 54. ed. rev. e atual- Rio de janeiro : Paz eTerra, 2013.