Oh,
graciosas lembranças de tempos magistrais
Minha
doce e alegre infância, de sonhos colossais
Ai,
como é mágico contemplar tal condição
E
reviver cada sublime momento via “regressão”
Freud,
da minha infância, tenho profunda nostalgia
Nem
a nossa pobreza podia reverter aquela magia
Papai
era um operário e mamãe uma arteira
Morávamos
em uma casinha subindo a ladeira
Como
era maravilhoso esperar papai chegar
Era
uma surpresa o que ele tinha a me mostrar
Sempre
trazia doces e outras muitas gulosemas
A
oralidade, caro Freud, sempre foi o meu lema
Não
tinha nenhum amigo até Waltinho conhecer
Meu
parceiro de encrencas, companheiro pra valer
Naquele
morro, aprontamos alegres travessurras
Algumas
delas nos renderam algumas surras
Como era fantástico, na cama minha mãe esperar
Não,
caro Sigmund, não estou o édipo a relatar
Apenas
lhe relato as minhas claras memórias
Porque
reduzir ao sexo, tão belas histórias?
O
problema do seu sistema é este teu reduzir
Que enquadra
a humanidade neste “deduzir”
Que
faz da realidade uma mera inconsciência
E
da sexualidade, a sua grande evidência
Tudo
em sua teoria é motivo de interpretação
Nada
escapa da sua genuína padronização
Você
inventou uma essência pra humanidade
O
inconsciente, a neurose e a sexualidade
Esse
é o significado da sua grande invenção
“Criar
para mente um problema e uma solução”
O
senhor dá com uma mão e com a outra tira
Não
seria tudo isso, uma encantadora mentira?