terça-feira, 26 de março de 2013

Minha infância (por Alvinan Magno)


Oh, graciosas lembranças de tempos magistrais

Minha doce e alegre infância, de sonhos colossais

Ai, como é mágico contemplar tal condição

E reviver cada sublime momento via “regressão”


Freud, da minha infância, tenho profunda nostalgia

Nem a nossa pobreza podia reverter aquela magia

Papai era um operário e mamãe uma arteira

Morávamos em uma casinha subindo a ladeira


Como era maravilhoso esperar papai chegar

Era uma surpresa o que ele tinha a me mostrar

Sempre trazia doces e outras muitas gulosemas

A oralidade, caro Freud, sempre foi o meu lema


Não tinha nenhum amigo até Waltinho conhecer

Meu parceiro de encrencas, companheiro pra valer 

Naquele morro, aprontamos alegres travessurras

Algumas delas nos renderam algumas surras


 Como era fantástico, na cama minha mãe esperar

Não, caro Sigmund, não estou o édipo a relatar

Apenas lhe relato as minhas claras memórias

Porque reduzir ao sexo, tão belas histórias?


O problema do seu sistema é este teu reduzir

  Que enquadra a humanidade neste “deduzir”

Que faz da realidade uma mera inconsciência

E da sexualidade, a sua grande evidência


Tudo em sua teoria é motivo de interpretação

Nada escapa da sua genuína padronização

Você inventou uma essência pra humanidade

O inconsciente, a neurose e a sexualidade


Esse é o significado da sua grande invenção

“Criar para mente um problema e uma solução”

O senhor dá com uma mão e com a outra tira

Não seria tudo isso, uma encantadora mentira?
Observação: Poesia fictícia, inclusa no projeto "O ultimo monólogo"(Alvinan Magno), livro que será lançado em breve! Representa um diálogo poético com Sigmund Freud.